# brito tijolaço
Por Fernando Brito
Tijolaço
Ontem, o presidente do TRF-4, Carlos Thompson Flores, admitiu que deu a ordem para descumprir uma ordem judicial, ao telefonar para o chefe da Polícia Federal e mandar que não se atendesse á ordem de soltura do desembargador Rogerio Favreto, não importa se certa ou errada, para soltar Lula. Porque a história de que ligou apenas para “avisar” que despacharia “brevemente” sobre um conflito de jurisdição que sequer havia sido invocado é, por evidente, um dourar de pílula que não engana a ninguém.
Também seu diligente colega, Gebran Neto, não teve coragem de negar que disse a colegas que atropelou a lei para que Lula, nem por algumas horas, pudesse ver a luz do sol em liberdade. Disse apenas que “ninguém está autorizado” a falar por ele.
E hoje, em O Globo, já que os peixões não têm pudor, a sardinha faz a festa, com a revelação, por Ancelmo Góis, de que o Japonês da Federal, herói da Lava Jato, declarando que foi agente da ditadura infiltrado entre estudantes, nos anos 70. Newton Ishii, o personagem símbolo da onda justiceira, não é apenas um condenado por facilitação de contrabando que continuou ostentando o distintivo e a arma da Polícia Federal mas, desde jovenzinho, um dedo-duro.
Sei que a expressão é meio fora de moda, mas é do meu tempo de “dedurado” e vou usá-la.
Porque ela reflete o padrão moral de nossos “salvadores”.
Não são apenas confessos, no Brasil de hoje, acanalhado, são orgulhosos em confessar.
E a coisa não para aí. Vai a uma presidente do Supremo Tribunal Federal que sugeriu que os bons passassem a ter a ousadia dos canalhas. Não se sabe se seguiu este conselho em manobrar a pauta da Corte para adiar a decisão sobre a prisão em segunda instância.
Fico no meu tempo de garoto, sob a ditadura, onde via proliferar esta fauna de esgoto, genuflexa aos poderosos e orgulhosa do papel de estafeta que isso lhe valia.
Tirar esta gente do comando do país é desacanalhar o Brasil.