by JLab – O leitor que me perdoe, mas este texto não é para ele. É para quem deseja montar uma narrativa sobre o governo Lula. Não se trata de louvar ou de maldizer, mas de compreender. E compreender é uma arte que requer paciência, perspicácia e um certo humor.
Foi no último dia 25-M, dia da indústria, durante um evento na FIES (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que Lula discursou para apresentar o projeto de reindustrialização do país. Segundo suas próprias palavras, ao retornar do Japão, abriu os jornais e deparou-se com um cenário caótico, o mundo parecia estar à beira do abismo, pois o Congresso estava tentando reduzir a influência da ministra Marina, diminuir o tamanho do ministério de Sônia e afetar a Mata Atlântica. Tudo isso é verdade? Sim.
Eis aí o recôndito do pensamento lulista: a política como arte de negociar, resistir e avançar. A política como um jogo de forças, onde o governo tem a iniciativa, mas não o controle. A política como um campo de batalha, onde se ganha e se perde, mas nunca se desiste. A política como uma paixão, que move o povo e os representantes.
Mas Lula não se limitou a falar de política. Falou também de economia. E aí entra o outro elemento dos governos lulistas: o nacional desenvolvimentismo. Visão que tem como base uma realidade: o Brasil é rico em recursos naturais, potencial humano, diversidade cultural, que pode e deve crescer, se industrializar, mas que para isso precisa sair da dependência externa, da dívida pública e da inflação para gerar empregos, renda, consumo, compartilhando riqueza, justiça e cidadania.
Lula hierarquizou as questões e concluiu não haver espaço para discussões sobre reforma tributária, meio ambiente, educação, emprego, saúde ou qualquer outro tema, caso não haja redução das taxas de juros e uma programação de arrecadação.
Em outras palavras, foi preciso votar e aprovar no Congresso o arcabouço fiscal para substituir o teto de gastos, a fim de que seja possível estabelecer um diálogo com o mercado financeiro. O projeto de reindustrialização depende do envolvimento do povo na economia, quando este passa a consumir e se beneficiar com avanços. Essa é a essência da ideia de Lula.
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Discurso de Lula na FIESP