No estado do Acre, a maioria da população sonha em se tornar funcionário público, não importa se o sujeito é formado ou não, qual área se especializou, quais as afinidades laborais, se de esquerda ou de direita, se está no campo ideológico do progressismo, comunismo, libertário, reacionário, liberal, anarquista, conservador etc. Não importa a ideologia, o que quase todos almejam é passar em um concurso público e esperar a aposentadoria.
Do ponto de vista lógico, é a melhor saída para um acreano. A iniciativa privada é praticamente inexistente e sobrevive do consumo dos funcionários públicos ou, como no caso das empreiteiras, de contrato direto com a administração pública da vez.
Agora, pensando do ponto de vista geral e do crescimento e desenvolvimento econômico, a sociedade praticamente inteira voltada para o sonho de trabalhar para o Estado em suas diferentes esferas, é bem problemático. O governador do estado dissera que a prioridade da sua gestão será a realização dos concursos públicos, mas devemos lembrar que a fonte da qual provem a maior parte do dinheiro que paga toda a engrenagem do funcionalismo público é justamente os impostos cobrados ao setor privado.
As empresas do estado vivem num marasmo aterrador, se você conversar com alguns empresários acreanos que atuam no setor de serviços a reclamação é que as vendas só ocorrem nos dias de pagamento dos funcionários, no final e no começo do mês quando se efetua a remuneração. A infraestrutura aqui é uma das piores do país, políticas públicas direcionadas para o crescimento econômico são inexistentes, a produção limita-se aos produtos agropecuários sem escala e com pouca ou nenhuma tecnologia agregada.
Não há duvidas de que os serviços públicos sejam vitais e importantes para o crescimento e desenvolvimento econômico, mas uma sociedade que não deslumbra outra saída fora o serviço público está com um grave problema e compromete o seu próprio futuro. Por um lado o Estado, em suas diferentes instâncias (Federal, estadual e municipal), é incapaz de absolver toda a massa de trabalhadores, a economia passa ser morosa e pouco dinâmica, característica que marca o Acre atualmente.
Mudança na psique coletiva e dos governantes será cada vez mais difícil, quanto mais o estado segue estagnado e com uma economia pobre como a nossa, mais a sociedade apostará suas fichas na estabilidade e segurança do serviço público.
É bem lógico, só que muitos não conseguirão o tão sonhado cargo público e aí a alternativa talvez seja a mudança para outro estado de economia mais dinâmica e onde a base dos funcionários mais bem remunerados não esteja no funcionalismo público, talvez Santa Catarina hoje, seja quem está desempenhando este papel de escape para os acreanos.
Kairo Araújo